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O Brasil não aguenta dose dupla de Bolsonaro

O Brasil ficou praticamente paralisado em suas  necessidades de avanço na educação, alimentação, crescimento, saúde, segurança e harmonização da sociedade, rebaixando-se à condição de nação não civilizada, desde que o soldado Bolsonaro, expulso do Exército, foi eleito presidente. O país sobrevive com dificuldades e transtornos. Tornou-se uma terra de debates e discussões estéreis, e de desrespeito e provocações gratuitas e generalizadas.

Inexiste a necessária paz social. Não mais se discute com seriedade as dificuldades do país e de sua população. Parte dela recolhendo restos de comida dos caminhões de lixo, com fotos. Tal situação se eterniza e o ríspido presidente se prepara para continuar no cargo, acreditando na reeleição. As perspectivas, por enquanto, não lhes são favoráveis. Os principais disputantes coincidem na incapacidade pessoal e na distância dos parâmetros de honestidade e decência exigidas pelo cargo.

Nesta primeira fase bolsonárica  o país e sua população se perderam na discussão de bobagens, inviabilidades e exacerbação de ânimos, induzidos pelo exonerado capitão.  Até quis transformar a comemoração da independência, criando focos de conflitos. Tem sido assim, desde a posse. A cisão entre brasileiros classificados como de esquerda e de direita, algo meio etéreo, agravou-se. Agora o atrito é entre comunistas e fascistas. Gente do passado, mas que persistem, na visão do Bolso.

Quanto aos comunistas, há um restinho em Cuba e milhões na Coréia do Norte, chefiados pelo radical Kim Jong-un. O país é dos maiores produtores de mísseis balísticos intercontinentais, não por boas intenções. Uma pressão interna que não deveria ser estimulada pelo Bolsonaro, ao contrário do que ele faz. No setor religioso também se intrometeu. Enaltece os terrivelmente evangélicos, hoje maiores proprietários de emissoras de TV no Brasil, e menospreza outras igrejas.

Desta forma o país e seus habitantes quase não mais se entendem. Em vez de discutir ciências, economia,  crescimento econômico e social, o futuro, distribuição de renda – quando houver – o presidente promove xingamentos e atritos, sem cerimônia. Agora o novo grande foco de ataques é o Poder Judiciário. Bolso mantem a praxe dos xingamentos com os ministros do Supremo, e os desrespeita em pronunciamentos públicos.

Um presidente de país com tais qualificativos pode continuar? O que poderá ainda fazer até o final do mandato, se sentir o cheiro da derrota?  O Supremo acredita que libertar alguns perigosos bandidos condenados não é razão suficiente para serem criticados.  O Congresso já não tem bom conceito, o Judiciário avança na mesma linha, e o Executivo fica a depender do eleito. A qualidade neste Poder é sempre variável.

O venerável Rui Barbosa jaz incrédulo na eternidade.  Patrono da Justiça brasileira, os ensinamentos de sua Oração aos Moços são desrespeitados em várias oportunidades. Possível fosse e um candidato reeleito presidente, governador ou prefeito deveria ser avaliado pelo índice de periculosidade administrativa, financeira e moral que representam. A Bolsonaro se poderia indicar, a título de precaução, a redução do segundo mandato para dois anos.

Presumivelmente, neste caso poderíamos estar salvos, se o pior viesse novamente a acontecer, com sua reeleição.


José Fonseca Filho é jornalista

Fonte: https://osdivergentes.com.br