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O agosto de Bolsonaro

No dia 24 de agosto de 1954 o presidente Getúlio Vargas deu um tiro no coração, sob pressão da cúpula do Exército.

Agosto, que já era o mês do desgosto, passou a ser o mês das tragédias da política brasileira.

No dia 25 de agosto de 1961 o presidente Jânio Quadros renunciou, dando início a uma crise que culminou no golpe militar de 1º. de abril de 1964 e confirmando a má fama do oitavo mês do ano. No dia 23 de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro vive o seu pior momento desde que assumiu.

Enfrenta resistência na Polícia Federal e na Receita Federal, que tenta controlar com o objetivo de proteger seu filho e senador Flávio Bolsonaro. Senadores resistem a aprovar seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington.

É criticado duramente pela imprensa por aceitar que seu filho Flávio indique o próximo chefe da PGR. A Alemanha congelou R$150 milhões e a Noruega, R$130 milhões do Fundo Amazônia em resposta a seus discursos malcriados e ofensivos.

Está sob ataque da União Europeia – França, Alemanha, Reino Unido, Noruega e Finlândia –que o responsabiliza pelas queimadas na Amazônia e ameaça com retaliações comerciais.

Levou puxão de orelha do secretário geral da ONU, o português Antônio Guterres, pelo mesmo motivo.

O G 7 se reúne este fim de semana para debater medidas de proteção da floresta e sanções ao governo brasileiro. A turma do agronegócio, que o elegeu, está apavorada ante a possibilidade de perder exportações para a Europa, responsável por 17,7% dos negócios.

Quando eu era jovem circulava uma boutade:

- O cara é louco, dizia alguém.

- É louco, mas não rasga dinheiro, retrucava o outro.

Em 2019, loucos continuam não rasgando dinheiro.

Agora queimam.

Jornalista

Fonte: https://www.brasil247.com