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Na direção da retomada gradual 

A Covid-19 provocou um abalo de proporções inéditas na vida das pessoas e na economia global. Mas o ser humano é resistente, venceu outras crises ao longo de sua história e não será derrotado pelo novo coronavírus, por mais devastador que ele seja. Aos poucos, seguindo as orientações dadas pelas autoridades da área de saúde e fazendo todas as adaptações necessárias, as rotinas de trabalhadores, de suas famílias e das empresas voltarão ao mais próximo possível do normal. Será um processo lento, porém com direção certa: a preservação da saúde dos brasileiros e a recuperação econômica.

As primeiras iniciativas para a retomada gradual da atividade já estão sendo concretizadas pelos governos e pela iniciativa privada, num planejamento que deve levar em consideração a realidade sanitária de cada local e as especificidades dos setores econômicos. Verificando os avanços e recuos da doença nas cidades, os governos estaduais e as prefeituras têm autorizado a reabertura progressiva de segmentos do comércio e dos serviços, o que vem levando as pessoas de volta ao trabalho e ao consumo. Essas decisões, desde que implementadas de forma segura, são cruciais para garantir saúde, emprego e renda para os trabalhadores.

Além de contribuírem enormemente com os esforços nacionais contra a pandemia, a partir do direcionamento da produção para itens essenciais no combate ao coronavírus e diversas outras ações, as indústrias brasileiras estão adaptando seus processos produtivos. As fábricas se organizaram em turnos de trabalho, reforçaram as medidas de higiene e de prevenção, forneceram equipamentos necessários à proteção da saúde dos operários e tornaram corriqueiros atos como a medição de temperatura, um maior distanciamento entre os funcionários e o monitoramento médico de eventuais sintomas.

Os protocolos das indústrias para a retomada da atividade estão de acordo com as melhores práticas internacionais, verificadas em países que já enfrentaram a fase em que o Brasil se encontra hoje. Estamos aprendendo com a experiência de nações que foram muito afetadas pela Covid-19 e que tiveram a economia quase completamente paralisada, em virtude das restrições sociais, para diminuir a velocidade de contaminação. Em processo de superação da etapa mais aguda da epidemia, esses países estão, agora, flexibilizando os controles e permitindo uma paulatina volta do comércio.

Os estados brasileiros fazem um bom trabalho de organização e planejamento para a retomada gradual da economia, sempre contando com a cooperação das federações estaduais das indústrias. Juntas, federações, associações setoriais e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) colaboram com autoridades dos três níveis de governo. Apresentamos aos poderes da República 68 propostas para o enfrentamento da recessão que certamente virá como reflexo da pandemia. Muitas sugestões emergenciais foram adotadas. É preciso igual empenho para viabilizar, também, as de caráter estrutural.

A indústria brasileira e seus representantes não têm dúvidas de que, com trabalho árduo, planejamento e investimentos em ciência e tecnologia, a pandemia de Covid-19 será contida. Pouco a pouco, com responsabilidade, compromisso com a vida e determinação no que precisa ser feito, seremos capazes de reconquistar o terreno perdido na economia e voltar a crescer. Quando essa crise sem precedentes passar – e ela vai passar – estaremos mais fortes e solidários para construir um futuro bem melhor para todos nós.


*O artigo foi publicado na edição de junho da Revista Indústria Brasileira.

Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).