A declaração de Walter Delgatti Neto, suposto hacker de Araraquara de que “encaminhou as mensagens de forma anônima
, voluntária e sem cobrança financeira” ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do Intercept, e de ter feito isso depois de ter “baixado” os arquivos tira de Sérgio Moro e da PF qualquer possibilidade de incriminar o site, Gleen Greenwald e sua equipe.
Não é possível, depois disso, dizer que foram os mandantes ou que incitaram ao cometimento do crime de violação de dados alheios.
Na verdade, nem mesmo quer dizer que Delgatti foi o hacker ou que os arquivos vieram daí, a menos que tenha sido encontrada com ele uma cópia ou o original dos arquivos anteriormente produzida. É coisa ainda a ser esclarecida
Porque se foi “de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira”, não há documentos, pagamentos e identificações que possam provar ter sido ele a fonte.
É por isso que Greenwald diz que é nova e verdadeira a informação de que a informação chegou anônima, sem pagamento e de forma voluntária. Porque, se foi anônima, nem ele pode identificar Degatti. Ele não o fez e não o fará, fiel ao sigilo de fonte e aos acontecimentos factuais.
Portanto, a discussão volta a seu leito natural: um jornalista, a quem chegam às mãos documentos explosivos sobre fatos públicos, que monopolizaram durante anos o noticiário político-judicial do país são ou não são notícia.
A resposta é óbvia, como é obvio que, mesmo que estivesse disposto a violar o sigilo de fonte, Greenwald sequer teria a quem identificar. A história dos hackers, que continua mal contadíssima perdeu toda a importância, exceto para os que vão insistir em confundir informação com o suposto informante.
Até porque a informação, checada e rechecada pelo Intercept, pela Folha, pela Veja, pelo El País e pelo BuzzFeed, além de ser confirmada por vários de seus protagonistas – exceto Moro e Dallagnol, claro – tem se mostrado sempre robusta e verdadeira.
Os picaretas de Araraquara regressam à sua insignificância de estelionatários e golpistas de baixa categoria e podemos nos dedicar ao que realmente interessa para o país e para a democracia. Vindo ou não deles, o arquivo importa por revelar irregularidades, promiscuidades e ilegalidades feitas na Lava Jato.
Voltamos ao império de “Sua Majestade, o fato”.
Jornalista
Fonte: http://www.tijolaco.net