Não se engane, só existem dois tipos de direitistas: os assumidos, que tatuam suásticas no bíceps atrofiado, e os enrustidos. Por motivos óbvios, dá trabalho identificar e classificar os que se escondem no armário. Mas, impossível não é. Veja se me entende.
Muitas vezes sem se darem conta, eles se revelam quando mais procuram esconder suas inclinações ideológicas afascistadas. Por isso, mesmo quando negam, acabam se entregando ao caírem em contradições insanáveis, mas perfeitamente detectáveis.
Sugiro, aqui, uma breve tipologia da fauna direitista.
O modernoso. Para ele, este negócio de esquerda e direita não existe mais; é coisa atrasada. O modernoso é o mais típico. E o mais sofrido. Não sabe, mas, odeia ser direitista. E se envergonha. Acha que ser de esquerda é muito mais divertido, mas, fazer o quê!? No máximo, disfarçar, se der.
O antipolítica. Diz que odeia política. Que se alguém se tornou político profissional é porque é preguiçoso e incompetente. “E muito piores são os que se perpetuam nos cargos e enfiam a família como sanguessugas”, acrescentam. Este, além de direitista, é eleitor dos Bolsonaro, pai, filhos e agregados.
O moralista. Afirma que não vota em candidato por causa da ideologia, jamais. “Não voto em partido, voto em pessoas”, explica. “A mim só importa se é sério e competente”, nada mais, fala o eleitor de Bolsonaro, Witzel, Zema, Ratinho Jr, e etc…
O generoso. Alardeia que só vota porque o voto é obrigatório – de fato é, mas a multa para quem não o fizer é uma mixaria. Diz que não faz diferença quem é o eleito. “Estão todos querendo pegar uma boquinha”, acusa. E ele sabe para quem quer dar a boquinha,
O infltrado. Fala a toda hora que já votou em Lula e se arrependeu. E justifica quase sempre em voz alta: “Foi muita corrupção!”. Na vida real, sempre foi direitista, soubesse ou não. Só estava infiltrado do outro lado.
O mixer. Espalha fake news dizendo que o nazismo é de esquerda. Usa barba de guerrilheiro latino-americano dos anos 1960. Calcula: “Se todo mundo for chamado de fascista e parecer comunista, estou safo”.
PS: Como jornalista das antigas, aprendi que uma lista com sete coisas atrai mais do que uma lista com seis. Sete é um número mágico. Não me ocorre o sétimo tipo de direitista enrustido. Se lhes ocorrer, escrevam para este escriba. Se passar de sete, o ideal é que chegue a 10, um número redondo. Cacoete da profissão!
Evaldo Costa, jornalista
Fonte: https://www.metropoles.com