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Débitos das igrejas com o Fisco ajudariam no combate à miséria

Há muitos brasileiros  e  brasileiras  que, assim como as igrejas, de todos os matizes, de todos os cultos, não gostam  de pagar  impostos. E por não gostarem, não pagam. E tem muito governo brasileiro, como o atual, que por gostar muito das igrejas, de todos  os tipos, não cobra delas  os impostos  devidos. Talvez por achar que se trata de um débito do Céu, o qual merece tanto respeito quanto vista  grossa. Empresários, cidadãos, ricos, pobres, agricultores, o resto todo tem que pagar os impostos  devidos. Nem sempre o fazem, mas deveriam. Ficam os débitos ao Deus dará.

Como resolver o problema ainda é um drama. Porque as Igrejas, em geral,  não são pobres, muitas  delas.  Alguns dos  seus templos  são enormes  obras de ostentação, como  o de Salomão, em São Paulo, onde  caberia  um hospital  ou  uma universidade. Essa seria uma melhor maneira de  servir a Deus e à humanidade.  A Igreja Católica possui riqueza  extraordinária em objetos de ouro, pinturas, esculturas, entendidos como objetos de arte e patrimônio religioso, sagrado, espalhado  pelo mundo como  joias  artísticas  da humanidade. Religiões diversas, como a muçulmana, evangélica e tantas  outras, também não primam pela pobreza.

Em nosso Brasil ora se discute se o atual governo deve  cobrar os débitos  das igrejas ou, termo mais apropriado, perdoá-los. Todas  as igrejas  se apresentam  como beneficiadoras da área social. Como as evangélicas, as que mais crescem. Seus dirigentes vivem  bem, com luxo e conforto, dispõem  de várias  emissoras  de televisão e rádio.  Fazem proselitismo  com dedicação e um tanto de materialismo.  Alguns  dirigentes dessas igrejas se apresentam  como  promotores  de fatos  extraordinários,  cura de doenças, restauro da felicidade de sofredores, até no campo amoroso.  Pesquisas indicam que desde 2010,  a cada uma hora, uma  nova organização  religiosa  se  forma no  Brasil.

O débito atual com  impostos  devidos  pelas  milhares  de instituições  religiosas  do Brasil, de todos os cultos,  é de quase R$ 1 bilhão. Alguns  famosos pastores gastam horários  na televisão, em canais  próprios  ou de tempo de exibição pago, prometendo aos necessitados  combate a todas as maldades do mundo. Há um misto de esperança  na fé e nas conquistas divinas, mas para isso são necessários  alguns cifrões.

Além dos débitos com o Fisco,  e com  projeto de isenção fiscal apresentado na Câmara  por parlamentar  ligado a uma das igrejas, breve veremos se haverá cobrança do governo. Não é a preferência do presidente Bolsonaro, adepto de  manter  a isenção fiscal. Entre os  tributos  isentos  estão  IPTU, ICMS, IR, IPVA, ISSS e talvez  outros.   Devem  constituir uma  grande ajuda para as igrejas. Esse sistema  se verifica na maioria dos  países. O objetivo  é manter  a isenção fiscal porque  os cultos  religiosos  não se destinam  à obtenção de vantagens  materiais e financeiras.

Os governos exigem que os cultos religiosos não tenham atividade  lucrativa. Apesar de as igrejas, nos últimos anos,  terem feito muitos investimentos na área de comunicação, especialmente TV e rádio. Vários padres e pastores se tornaram comunicadores e dezenas de canais de televisão são de propriedade de igrejas. Ou com  várias  horas  de transmissão  compradas  por elas.  Até na queimada  Amazônia.  Nas  dez  maiores  emissoras de TV brasileiras,  50% dos horários  são dedicados  a programas  religiosos, de cultos  variados.

Pode ser que o pagamento  de quase  R$ 1 bilhão não esteja fazendo falta ao governo. Ou que o governo seja radicalmente a favor das igrejas, e nem  tanto dos impostos. Mas certamente este gigantesco dízimo estará fazendo muita falta  ao povo brasileiro, que precisa ser ajudado a sair da miséria.  Já que todos os governos que se sucederam  não conseguiram bons resultados  nesse sentido. As milhares de igrejas  devem  ou não pagar impostos?  É preciso um diálogo  produtivo, não discussão. Com  tanta igreja e tanta gente de boa vontade envolvida, não será impossível  acontecer no Brasil um verdadeiro milagre.


José Fonseca Filho é Jornalista

Fonte: https://osdivergentes.com.br