Dentro em breve o Congresso Nacional deve votar o acordo que prevê a entrega da Base Espacial de Alcântara, no Maranhão, para os Estados Unidos.
Se o acordo for aprovado Alcântara passará a ser território americano, onde nenhum brasileiro, inclusive as autoridades, poderão entrar sem autorização do governo dos Estados Unidos. E, também, nenhum material que entrar ou sair da base poderá ser vistoriado pelas autoridades brasileiras, o que significa que eles poderão levar do Brasil o que bem entenderem e trazer para a base, sem serem incomodados, até ogivas nucleares, pois acredita-se que o local, privilegiado do ponto de vista geopolítico, poderá ser utilizado não apenas para o lançamento de foguetes mas, também, de misseis, no caso de eventuais conflitos dos americanos com outras nações.
Não existe no acordo nada que impeça a transformação da base espacial em base militar, o que deixaria a capital maranhense, situada em frente, exposta a possíveis bombardeios em caso de uma guerra. E mais: com a aprovação do acordo nada menos de 800 famílias de quilombolas serão expulsas da região, empurradas para o interior do continente, longe do mar e de uma das suas principais fontes de subsistência, a pesca. Será uma nova Guantânamo, a base militar americana em Cuba que recebe prisioneiros do mundo inteiro e que nem o presidente Barack Obama conseguiu desativar, conforme prometera durante a campanha eleitoral.
Se o acordo for aprovado todos os que contribuíram para isso, direta ou indiretamente, deveriam ser acusados de alta traição ao Brasil, pois estarão abrindo uma enorme brecha em nossa soberania, entregando a outro país parte do nosso território. As negociações para isso tiveram início do governo de Fernando Henrique Cardoso e só não foram concluídas na época porque o saudoso deputado Waldir Pires, do PT baiano, impediu a sua votação pelo Congresso até a posse de Lula, que sepultou a idéia. Com o golpe que derrubou a presidenta Dilma Roussef, o novo presidente Michel Temer retomou as negociações que devem ser concluídas agora no governo de Bolsonaro, materializando um velho sonho do Tio Sam.
A certeza de que o ex-presidente jamais permitiria a entrega de Alcântara, se voltasse a ocupar o Palácio do Planalto, foi um dos motivos pelos quais o governo norte-americano participou do planejamento e execução da derrubada de Dilma e da prisão de Lula, instruindo diretamente o pessoal da Lava-Jato, cujos chefes – Rodrigo Janot, Sergio Moro e Deltan Dallagnol – volta e meia viajavam para os Estados Unidos. Moro, inclusive, em suas viagens fazia questão de visitar a CIA. O fato é que a aprovação do acordo será mais um ato vergonhoso de submissão ao país do Norte, que já tomou a nossa fábrica de aviões, a Embraer, está ficando com o nosso petróleo e pode, em breve, ficar também com a nossa mais importante estatal, a Petrobrás, ameaçada de privatização desde o governo FHC.
A verdade é que até hoje a sociedade brasileira não tem conhecimento dos termos do acordo, que vem sendo mantido em sigilo justamente para evitar reações contrárias. Por que o governo não o submeteu a um debate popular? Por que não o submeteu a um plebiscito? Por que os militares parecem concordar, com o seu silêncio, com o acordo? Por que a chamada Grande Imprensa também parece comprometida com a entrega de Alcântara, evitando tocar no assunto? Os seus defensores argumentam que o acordo permitirá grandes investimentos em Alcântara, mas não dizem que tipo de investimento e para quê.
Sabe-se, no entanto, que, ao contrário do que dizem, o Brasil não terá nenhuma vantagem com esse acordo, que proíbe a transferência de tecnologia e só permite o uso da base por outros países mediante autorização dos americanos. Bolsonaro, que gosta de prestar continência à bandeira dos Estados Unidos, nem precisará mais ir lá para fazer isso, basta uma rápida viagem a Alcântara, onde o pavilhão norte-americano vai passar a tremular. E seremos, verdadeiramente, uma colônia, sobretudo depois da entrega da Petrobrás e da Eletrobrás, só faltando a obrigatoriedade do uso da lingua inglesa para se completar o processo. Fernando Henrique, Temer, Bolsonaro e Moro certamente ficarão felizes, porque verão realizados seus sonhos de se tornarem cidadãos americanos.
Como a Grande Imprensa não divulga, esse processo de colonização total, que poderá inclusive transformar as nossas Forças Armadas em milícia, conforme um velho projeto norte-americano, vem se desenvolvendo desde o governo Temer na surdina, longe das vistas da população, que ignora, por exemplo, que hoje exportamos óleo cru e importamos os derivados do petróleo, principalmente óleo diesel e gasolina, dos Estados Unidos, pois nossas refinarias foram praticamente desativadas de acordo com a nova política do governo. E engana-se o brasileiro com uma discussão, no Congresso, sobre a partilha do dinheiro que será arrecadado num leilão de parte das reservas petrolíferas do pré-sal.
Dá-se ênfase aos recursos que serão divididos com Estados e Municipios, escondendo-se o fato de que com esses leilões serão entregues às multinacionais, especialmente americanas, nossas grandes reservas de petróleo. E embora rico, o Brasil sairá do clube de países industrializados do mundo para tornar-se em mero exportador de matéria prima. E os entreguistas, traidores da Pátria, responsáveis por isso, continuarão impunes. Por isso se mobilizam em todas as frentes para impedir a liberdade de Lula, porque sabem que o ex-presidente em liberdade poderá atrapalhar os seus planos, principalmente se voltar a ocupar o Palácio do Planalto. O guru de Bolsonaro, o astrólogo Olavo de Carvalho, já prega inclusive a volta da ditadura militar para facilitar o projeto entreguista, pois num regime de exceção a oposição será facilmente sufocada.
Lula representa a grande esperança dos nacionalistas para impedir a colonização do Brasil e, por isso, os entreguistas estão fazendo de tudo para evitar a sua libertação. Os bolsonaristas, por exemplo, além do uso de fakenews, tentaram, através do deputado Felipe Francischine, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, uma manobra para anular a possível decisão do Supremo Tribunal Federal, de considerar inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância, o que beneficiará, entre outros presos, o ex-presidente. Anteciparam a votação da PEC que determina a prisão em segunda instância, mas a manobra fracassou por obra da oposição.
No Supremo também é visível a manobra, mais uma, do seu presidente, ministro Dias Tóffoli, para fechar qualquer brecha que possa permitir a Lula voltar ao poder: ao colocar inesperadamente na pauta a questão da constitucionalidade da prisão em segunda instância, que vinha sendo adiada seguidamente desde a gestão da ministra Carmen Lucia, a decisão da Corte pode libertar o ex-presidente petista mas o mantém inelegível por conta da sua condenação. Se ele colocasse em votação primeiro o habeas corpus de Lula e a suspeição de Moro, aí sim, caso aprovados, o ex-presidente poderia ficar livre em definitivo da farsa montada por Moro que o condenou. E estaria apto a concorrer a qualquer cargo eletivo. Esse é o temor de todos os que querem o Brasil ajoelhado diante dos Estados Unidos.