A floresta amazônica cobre cerca de 60% do território brasileiro, detêm aproximadamente 1/5 de toda a água doce do mundo
. Ou seja, uma riqueza natural imensurável ao cidadão comum, no entanto, mensurável as grandes corporações transnacionais, e, tenhamos clareza disso, ao modelo de agricultura defendido pelo estado desde os tempos do império colonial, devastador da biodiversidade, concentrador de terra e com grande poder político, incrustado desde sempre em áreas estratégicas do poder central.
Avançar sobre o território amazônico é central para expandir a área de plantio de commodities, foi para receber carta branca a ações como essa que o agronegócio foi o primeiro a embarcar no golpe contra a Presidenta Dilma, e foi para isso que foram os primeiros a embarcar no projeto autoritário de Bolsonaro. Tal dilema deve ser tratado no campo da defesa da soberania nacional e da condição futura do Brasil constituir-se como uma potência entre as nações soberanas do mundo. Portanto, enfrentar a sanha destruidora do agronegócio e do capital financeiro internacional, que acumula riqueza especulando com o preço das commodities na bolsa de valores, é a tarefa dos que entendem que a Amazônia, mais que o pulmão do mundo, é a nossa garantia de um futuro digno enquanto nação.
O petróleo foi a força motriz das grandes disputas do Séc. XX, continua sendo o pêndulo das disputas entre as nações neste início do Séc. XXI e tende a estender-se ainda por largos anos, todavia, é unânime entre estudiosos e pesquisadores que a grande luta do nosso século se dará em torno da água. A água é o grande trunfo brasileiro no tabuleiro das disputas geopolíticas vindouras, a Amazônia guarda riquezas (fauna, flora, minérios, etc) que hoje podem ser tratados como tão estratégicos quanto o pré-sal que também já não é mais exclusividade do país.
O agronegócio local é inimigo da soberania nacional e destrutivo com o futuro, revestido da aura de ser o principal responsável pelo PIB do país reserva para si o direito de ser um dos maiores detentores de dívidas com a união, envenenar e destruir rios e nascentes, ser o maior concentrador de riqueza no campo, gerar cada vez menos emprego por área plantada, expulsar famílias de suas terras e/ou áreas de origem, assassinato de indígenas, quilombolas e lideranças sem terra. Agora avança sobre a Amazônia, tendo como aliado de primeira ordem o Presidente da República.
Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e membro do FRONT – Instituto de Estudos Contemporâneos
Fonte: https://jornalggn.com.br