Neste momento de pandemia provocada pela covid-19, em que vivenciamos as dores de muitas perdas de entes queridos, de dificuldades econômicas e de saúde pública, a marca do isolamento e da invisibilidade se potencializam no descaso do poder público frente à situação de calamidade em que se encontra o Estado e, especialmente, 13 de seus 16 municípios, trazendo graves impactos no fornecimento de suprimentos básicos como água, alimentos, comunicação, combustível e todas as necessidades que são supridas pela eletricidade.
Além disso, o Amapá (foto) é banhado por águas, ficando totalmente ilhado. O transporte de insumos e suprimentos são feitos por barcos e aviões, bem como a entrada e saída das pessoas, o que dificulta o acesso a outras localidades no caso de atendimento à saúde e outras necessidades urgentes.
A ilha do Marajó pertencente ao território do estado do Pará está mais próxima a Macapá, por isso muitas pessoas com familiares na ilha vizinha mudaram temporariamente para a região, até chegar uma solução do caos em relação ao problema energético devido a um incêndio na subestação que abastece o estado.
Nesse domingo, após a visita do Presidente Jair Bolsonaro no sábado, foram feitas promessas que o problema seria resolvido em 100%, não foi o que ocorreu, o prazo foi estendido para a próxima quinta-feira (26). Os novos equipamentos forneceram energia para 89% de Macapá, no entanto a noite ainda teve racionamento. Fontes do G1.
A situação do Amapá nos remete as lembranças e a condição do isolamento da cheia de 2014 do Rio Madeira, enchente em que os Acreanos vivenciaram, as forças da natureza no transbordamento do Rio Madeiro. Na época o único espaço viável era o aéreo para chegada de alimentos e insumos de primeira necessidade, o estado virou um caos, a sensação era de um estado de guerra e apreensão, ninguém sabia o que iria ocorrer e quando situação iria normalizar, já que dependíamos da mãe natureza.
O ponto de convergência entre a situação dos dois estados está relacionado ao isolamento dos estados e a sua invisibilidade. Não são raras as dificuldades que as demandas desses pequenos estados da Amazônia não são retratadas tanto na mídia quanto na indignação da sociedade ou nas esferas do governo federal.
Há necessidade dos consumidores prestarem atenção na privatização da energia e do fornecimento da água, as empresas geralmente são internacionais e de capital financeiro de fora, visão nos países como o nosso, somente o lucro, não levando em consideração as necessidades da população e nos casos de caos e catástrofes, se eximem, como foi caso de Mariana.
O atual contexto exige ações urgentes do governo Estadual e Federal, bem como se adote uma política pública de enfrentamento nesses casos de crises de energias e outras situações que são nocivas aos cidadãos/ãs amapaenses, principalmente os mais pobres, os negros e os em situação de vulnerabilidade, esses são os mais atingidos nos fenômenos naturais ou tecnológicas.
Solene da Costa, servidora pública