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2018, um ano revelador

Para alguns, o ano de 2018 trouxe alegrias. Para outros, tristezas. Mas nem assim foi menos importante. O cenário político previa mudanças e muitas incertezas no Acre. Enquanto uns transbordavam euforia, outros eram só melancolia.

De defesas apaixonadas ao longo de décadas pelo grupo político que saía de cena, passamos a ouvir, desde então, confissões de amor contido, revelando-se, como que por encanto, pelos que subiam ao poder em 7 de outubro daquele ano.

“Eu sei, e estou certo na fé, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda”, escreveu o apóstolo Paulo na epístola aos Romanos, capítulo 14, versículo 14.

Mas isso seria só o início do desnude e cair de máscaras que veríamos nos meses seguintes, pautados pelos discursos de mágoas e invejas, impregnados de muita hipocrisia, de manipuladores e manipulados. Fomos alcançados por essa avalanche de descobertas, que se revelou em pessoas mais distantes e, até mesmo, em amigos próximos e amantes apaixonadas.

Tudo parecia roteiro de um filme com desfecho anunciado. Só não conseguimos enxergar a tempo por nos recusar a crer no óbvio. O convívio próximo e o assédio confundiam os nossos sentidos.

Pouco mais de dois anos se passaram desde o dia em que fomos confrontados com a realidade dolorosa de saber que o ser humano só vale o equivalente ao limite do interesse do seu interlocutor. A ambição e a ganância revelam o caráter dos fracos, colocando em dúvida as relações entre os considerados parceiros.

Mas há também o lado positivo. Quando tudo isso é exposto, ficam cristalinas a verdadeira amizade, empatia, coragem e gratidão, o que torna necessário, embora indesejável, que essas situações precisem acontecer para que seja possível um recomeço, um renascer de um novo ciclo ou dinastia.

“Pois onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão os abutres.”(Mt 24:28).

Muita gente já deve ter se esquecido, mas enfrentamos inúmeras adversidades impostas por essa mudança. Mesmo assim, digo que valeu a pena enfrentar e combater a falta de caráter, o perfil ambicioso daqueles que vendem a alma e os amigos para cair nas graças de seus conquistadores.

Com a sentença em segunda instância de todos os processos judiciais – nove ao todo -, que apelavam e esperavam confundir as multidões, podemos, então, comemorar e, enfim, nos voltar somente para a construção de “Novos Tempos”, na defesa dos micro e pequenos empresários, que são a verdadeira “Força da Indústria” deste estado.

São empreendedores que, durante 26 anos, estiveram excluídos do acesso ao segundo andar do nosso prédio na sede da Federação das Indústrias do Estado Acre (FIEAC). São pessoas segregadas sutilmente por um único e minúsculo elevador que selecionava e intimidava os visitantes, numa demonstração de privacidade ou exclusividade só vista pelo alto clero nos regimes imperialistas.

“Tende paz entre vós”, escreveu, sabiamente, o apóstolo Paulo em I Tessalonicenses, 5:13.

Não posso negar que todo esforço enaltece e engrandece os vencedores. Por isso, não deixo de cumprimentar os adversários pela oportunidade que nos deram de trazer à luz todas essas almas que se camuflavam nas sombras da mentira e da ingratidão.

Aos que lutaram nessa trincheira da verdade e da retidão de caráter, que adoeceram ou padeceram durante a batalha, até mesmo os que apoiaram em silêncio e a distância sem sucumbir às tentações do adversário, rendo todas as homenagens, reconhecimento e eterna gratidão.

Ainda temos muito a fazer e a realizar. E seguiremos com o nosso propósito de contribuir para o fortalecimento do setor industrial acreano e da Amazônia, com o desenvolvimento da nossa região, sempre olhando para frente e sem esquecer dos aprendizados conquistados nas lutas superadas.


*José Adriano é empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC)