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Mulheres da Indústria

Em 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Data que ficou marcada pela luta de mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, cumprindo jornadas absurdas de até 17 horas de trabalho em condições insalubres e recebendo salários até 60% menores que os dos homens.

Essa é uma data oportuna para se fazer uma reflexão a respeito do papel da mulher na sociedade e suas conquistas, desde o lar até o mercado de trabalho.

De acordo com dados do Sebrae, no 3º trimestre de 2020, havia cerca de 25,6 milhões de donos de negócios no Brasil, onde, aproximadamente, 8,6 milhões eram mulheres, o que corresponde a 33,6%, e 17 milhões eram homens (66,4%).

No Acre, quase 23 mil mulheres atuam como empreendedoras, sendo 69% delas com idade menor ou igual a 44 anos. 

Outra categoria em que o Acre se destaca é em relação ao número de empregados. A pesquisa aponta que 100% das empresárias empregadoras têm de 1 a 5 funcionários.

Em relação à posição das empreendedoras dentro dos lares, 62% são chefes de domicílio, percentual superior ao nacional, que é de 49%.

Hoje, muitas mulheres no Brasil sustentam suas famílias, trabalham em diferentes áreas do mercado e possuem os próprios planos de carreira. Além disso, elas estão sempre em busca de mais qualificação para conseguir vagas de emprego melhores e com mais benefícios.

Mas alguns problemas ainda fazem parte da realidade das mulheres no mercado de trabalho,  como salários inferiores ao dos homens, jornada dupla, cargos de liderança, entre outros, que, aos poucos, vêm sendo superados.

No setor da Indústria no Acre, há muitos relatos de mulheres empreendedoras e também colaboradoras que, além de se destacar nas suas empresas, ainda cumprem muitas tarefas no lar.

A empresária do setor madeireiro, Marluce Barlatte, 59, faz suas considerações sobre o desempenho da mulher empreendedora no mercado de trabalho. O incentivo dela é de persistência. “Confesso que nada vem fácil para as mulheres empresárias, pois, transpor o preconceito e o julgamento no mundo dos negócios, é desafiador. Mas nem tudo, também, são só barreiras. Com a chegada do empoderamento da mulher, sinto que o comportamento empresarial feminino está, sim, se tornando mais ameno com relação a essas discriminações que, com muita dignidade, esforço e maestria, a gente vai tentando vencer. Então, hoje, eu quero mesmo é parabenizar a todas as mulheres pela coragem. E que todas sejam fonte de inspiração para o mundo dos negócios e que nada nos impossibilite de alcançar os nossos objetivos. Acredite, a gente consegue”, incentivou.

Através da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), foi criado o Grupo de Mulheres da Indústria. Uma equipe formada por empresárias e voluntárias acreanas que decidiram traçar estratégias para realizar ações sociais e valorizar o empoderamento da mulher na sociedade.

Segundo a empresária Raimundinha Holanda, que é vice-presidente da FIEAC e também coordenadora do Grupo Mulheres da Indústria, essa data deve ser comemorada pela mulher empreendedora, devido às conquistas obtidas especialmente no mercado de trabalho. “O que dizer da mulher empreendedora? Dedicação, sacrifício, entrega, superação, empoderamento... Sem dúvidas, são palavras impactantes. Mas não esqueçamos de que também são mães, filhas, avós, esposas e donas de casa.  A mulher é a verdadeira expressão da palavra “multitarefa”. A mulher está cada vez mais conquistando o seu lugar no mercado com competência, esforço e muito trabalho. Parabéns a todas nós, mulheres guerreiras”, enfatizou.

Em Cruzeiro do Sul, Juliane Kamili é dona de uma madeireira. Apesar desse setor ser mais administrado por homens, Juliane diz não ter problemas para administrar a empresa e conduzir seus oito colaboradores. “Não deixa de ser desafiador, mas, com o passar dos anos, sinto-me lisonjeada por poder estar à frente de uma empresa onde pude ver seu desenvolvimento. Hoje, com naturalidade, sou responsável pela sua administração. Graças a Deus, consegui ganhar o respeito do produtor, do colaborador e também do consumidor, e isso me motiva cada vez mais a querer fazer o melhor dentro de minha atividade”, ressaltou.

Antônia Santos trabalha em uma malharia em Cruzeiro do Sul.Ela também se sente bem como mulher em ser ativa no mercado de trabalho e contribuir para o melhor desempenho da empresa em que atua. “Eu me sinto feliz com meu trabalho e quando eu estou produzindo, quero produzir mais e mais. Eu quero sempre cumprir a minha meta do dia e do mês também. A gente faz fardamento, faz tudo.  Eu me sinto trabalhando para uma indústria, sim”, afirmou.

Ana Lúcia, da Malharia Mona Estampas e Designer também é costureira em Cruzeiro do Sul. Segundo ela, além das atribuições do lar, o trabalho que faz é uma terapia. 

“A costura não deixa de ser uma arte, um talento adquirido com esforço e  prática. Essa renda contribui para o meu sustento familiar e também consigo estar comprando tecidos e materiais para confecção de novidades para os clientes. Costuro com amor”, confessou.

O estudo do Sebrae concluiu, também, que as mulheres empreendedoras, que possuem empregados ou trabalham por conta própria, têm maior grau de escolaridade, são mais jovens, estão há menos tempo na atividade atual, têm estruturas de negócios mais simples, contribuem mais à Previdência na atividade atual, e trabalham mais no setor serviços – destaque para alimentação e alojamento.

A coordenadora da FIEAC no Juruá, Janaína Terças, destacou que grandes são os desafios enfrentados pelas mulheres que, de um modo geral, já têm obtido muitas conquistas. Janaína é empresária do ramo de cerâmica e conta atualmente com 30 funcionários, todos homens, que garantem uma produção considerável de tijolos para toda a região.

“Hoje, os desafios da mulher empreendedora, principalmente os da mulher industrial, são muito grandes, frente a diversas situações de crise que a sociedade vive. Mas é nesses momentos que também percebemos a nossa força.

A mulher é muito compromissada com o trabalho, muito responsável. E eu acredito que, daqui para frente, essa mão de obra vai ser mais valorizada dentro do mercado de trabalho e principalmente na indústria. Quero, nessa oportunidade, desejar a todas as mulheres um excelente Dia da Mulher. 

Força para nós, mulheres, que, no fundo, somos quem segura a barra no lar, na família e no trabalho”, concluiu.

O Presidente da Federação das Indústrias do Acre (FIEAC), José Adriano, destaca a importância da mulher no processo de desenvolvimento da Indústria. “As mulheres são muito dedicadas em tudo que fazem e por isso espero que estejam cada vez mais presentes no setor industrial. Vocês nos ajudam bastante e precisamos fazer esse justo reconhecimento não só hoje, mas em todas as ocasiões que forem possíveis”, frisou.

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