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Fronteira deve ser liberada após governo boliviano voltar atrás em decreto e protestos no AC cessam

Moradores das cidades de Brasileia e Epitaciolândia, que trabalham na Bolívia, protestaram nesse sábado (10) após serem impedidos de entrar no país vizinho. Governo boliviano voltou atrás e abriu fronteira a partir de segunda. Neste domingo (11) fronteira segue fechada por conta das eleições em Pando, na Bolívia

A fronteira da Bolívia com o Brasil deve ser reaberta nesta segunda-feira (12) após o governo boliviano voltar atrás na prorrogação do decreto que estabelece uma espécie de lockdown nas cidades fronteiriças.

Moradores das cidades acreanas de Brasileia e Epitaciolândia, no interior do Acre, que trabalham na Bolívia e estavam sendo prejudicados com a medida, chegaram a fazer um protesto nesse sábado (10). Eles fecharam as duas pontes que ligam as cidades acreanas ao país vizinho para impedir a entrada de bolivianos no país.

Em Epitaciolândia, a Ponte Internacional ficou fechada pelos manifestantes e em Brasiléia a Ponte Wilson Ribeiro.

Segundo a comandante da Polícia Militar na região, major Ana Cássia, não está ocorrendo mais o protesto dos moradores das cidades acreanas. No entanto, a fronteira segue fechada neste domingo (11) por conta das eleições que ocorrem em cidade boliviana.

“Não há protestos, a fronteira ainda está fechada porque hoje está havendo eleições em Pano, na Bolívia. Mas, amanhã [segunda, 12] abre normal”, afirmou a comandante.

A fronteira com a Bolívia está fechada desde o dia 2 de abril. O anúncio foi feito no dia 1º de abril, pelo presidente da Bolívia, Luis Arce, pelo Twitter. A medida duraria sete dias, mas o governo boliviano decidiu prorrogar o prazo a partir desse sábado (10) e isso irritou os brasileiros que precisam passar para o lado boliviano. No entanto, em uma nota oficial foi divulgada neste domingo, o governo voltou atrás e suspendeu a barreira sanitária em toda fronteira com o Brasil.

Na sexta-feira (9), as fronteiras chegaram a ficar abertas o dia todo, após o vencimento do decreto e, na manhã deste sábado (10), os brasileiros disseram que foram pegos de surpresa com o novo fechamento.

O objetivo das medidas bolivianas é prevenir a entrada da variante brasileira P.1 no país. O decreto previa a abertura das fronteiras pela manhã das 7 horas às 8 horas e à tarde das 16 horas às 19 horas. Fora desses horários, ninguém entra e ninguém sai no país boliviano, nem pedestre e nem veículo de nenhum tipo.

fronteira 002 webEm Brasileia uma fila de carros se formou por causa do protesto nesse sábado — Fotos: Alexandre Lima

Protesto

Equipes da Polícia Federal, Polícia Militar e do Grupamento Especial de Fronteira (Gefron) acompanharam o protesto dos acreanos. O delegado responsável pelo Gefron, Rêmulo Diniz, explicou que os brasileiros que trabalham do lado boliviano diziam estar prejudicados, porque no horário de entrar para trabalhar e no horário de sair eles estavam sendo impedidos de transitar e, inclusive, sendo retidos pelas autoridades bolivianas.

Diniz disse que o que os brasileiros que trabalham no país vizinho protestaram para ter a liberdade de entrar e sair apenas para trabalhar. O delegado falou ainda que duas equipes do Gefron foram destacadas para acompanhar a manifestação, que foi pacífica.

Prejuízo

No dia 1º de abril, quando houve o anúncio do fechamento das fronteiras, o G1 conversou com alguns gestores de cidades do interior do Acre e eles disseram que temiam que a decisão pudesse causar grandes prejuízos financeiros, já que os municípios têm forte ligação comercial com o país vizinho..

O prefeito da cidade de Epitaciolândia, na fronteira com a cidade de Cobija, Sérgio Lopes, disse que o fechamento traz prejuízo para a cidade. “Temos uma ligação muito forte com a Bolívia no que diz respeito a transações comerciais. Hoje, o comércio de Epitaciolândia vende muito para a Bolívia, sempre vendeu, principalmente na área de gêneros alimentícios.”

A assessoria de comunicação da cidade de Brasileia, que também faz fronteira com a cidade boliviana de Cobija, informou que a prefeitura lamentava a decisão e afirmou que a medida iria trazer prejuízos às duas cidades, já que tanto brasileiros como bolivianos cruzam as fronteiras para trabalhar e fazer compras.

O prefeito de Plácido de Castro, cidade acreana que faz fronteira com a Vila Evo Morales, Camilo da Silva, falou que o município tem pelo menos 300 trabalhadores que vão para a Bolívia trabalhar e lamenta a decisão.

“Para nós, acarreta prejuízo por conta de termos vários trabalhadores brasileiros que trabalham no comércio do lado da Bolívia e esse fechamento tira o sustento de muita gente. Nossa cidade é passeio, onde as pessoas passam por ela para ir até a Bolívia comprar e acaba que compra também da gente.”

No ano passado, a fronteira chegou a passar quase seis meses fechada devido à pandemia, as duas pontes que ligam Brasileia e Epitaciolândia à cidade de Cobija, na Bolívia, foram reabertas, de forma gradual, em setembro.

Covid-19 no Acre

O Acre confirmou até esse sábado (10) mais cinco mortes pela Covid-19 e outros 378 novos casos de infecção pelo novo coronavírus. Com isso, o total de óbitos subiu para 1.339 e o de infectados chegou a 73.285. Os hospitais atingiram a capacidade máxima no estado e cinco pessoas aguardavam na fila à espera de um leito de UTI.

Dos 106 leitos de UTI nos hospitais da rede SUS disponibilizados no estado, 101 estão ocupados. A taxa de ocupação total atingiu 96%. Os leitos de UTI estão concentrados na capital, com 85 vagas, e Cruzeiro do Sul, com 26. Com o sistema de saúde em colapso, o Acre precisou transferir pacientes para o estado do Amazonas.

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