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Animais apreendidos na operação ‘Fake Bois’ estão morrendo de fome no AC, denuncia ativista

Idaf disse que já fez quatro fiscalizações no local onde animais estão e confirmou que estão subnutridos. Relatório foi encaminhado à Polícia Civil, que repassou situação ao Judiciário. Mais de 100 animais foram apreendidos na operação policial

Os animais que foram apreendidos na operação “Fake Bois”, que investigou um esquema que facilitava transporte ilegal de gado no Acre, estão morrendo de fome. A denúncia foi feita pela advogada e presidente da Comissão de Defesa e Proteção aos Animais da OAB-AC, Vanessa Facundes, que também está à frente da ONG Patinha Carente.

Em uma publicação nas redes sociais, ela disse que recebeu vídeos que mostram a situação dos animais e que muitos já até morreram.

“São gados que foram apreendidos pelo poder público, através do Idaf, órgão estadual de defesa agropecuária e florestal, e pasmem, estão passando fome há dias e dias. Muitos já morreram, como se pode ver tem carcaças nas imagens, me dá um aperto no coração só de saber que os outros vivos viram as outras vidas apodrecerem, mortos de fome”, disse Vanessa.

Ao g1, o diretor técnico do Instituto de Defesa Animal e Florestal do Acre (Idaf), Jessé Monteiro, disse que os animais estão à disposição da Justiça desde a apreensão e que o Idaf atuou na ação apenas como “apoio técnico”. Segundo ele, os bois foram deixados na propriedade onde foram encontrados, após decisão judicial, e que estão sob responsabilidade de um fiel depositário.

“Esses animais foram apreendidos porque o proprietário deles estava sonegando impostos. Na operação, foi identificada a saída irregular desses animais e a Justiça determinou a apreensão deles. Estão hoje com um fiel depositário, na realidade, na mesma propriedade onde eles já estavam. O dono dos animais alugava esse pasto e acabou que ficou com o proprietário da terra após determinação da Justiça”, informou Monteiro.

animais 002 webMais de 100 animais foram apreendidos na operação policial — Fotos: Reprodução

Ainda segundo o diretor, o órgão já fez quatro fiscalizações no local onde animais estão e confirmou que eles foram encontrados subnutridos. Um relatório com essas informações foi repassado à Polícia Civil para tomar as devidas medidas.

“Nós fomos quatro vezes lá na propriedade, fizemos relatório e encaminhamos para a Polícia Civil, que encaminhou à Justiça. Fomos justamente para fazer o levantamento, ver como estavam os animais. Vimos que estavam com deficiência nutricional, falta de pastagem”, afirmou.

Mais de 100 animais foram apreendidos durante a ação da Polícia Civil. A operação iniciou em fevereiro do ano passado com a prisão de um ex-servidor do Idaf e 135 inserções falsas no sistema do instituto. Em outubro de 2021, a polícia deflagrou a 5ª fase da operação. Os animais estão em uma propriedade na divisa entre o Acre e a cidade de Boca do Acre, no Amazonas.

Investigação encerrada

O delegado que comandou as investigações, Pedro Rezende, afirmou que o inquérito já foi concluído há muito tempo e que o caso está todo sob responsabilidade da Justiça. Segundo ele, todas as informações sobre a situação dos animais que foram repassadas pelo Idaf foram encaminhadas à 3ª Vara Criminal.

“Minha investigação encerrou, o processo está na Justiça e tudo que o Idaf me passou, no mesmo dia, imediatamente foi comunicado ao juiz da 3ª Vara Criminal, que foi quem mandou fazer a apreensão. Eu só cumpro ordem judicial”, disse o delegado.

Ao g1, o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) informou que aguarda o parecer do MP-AC para tomar novas decisões. A reportagem também entrou em contato com o Ministério Público, mas não obteve resposta até última atualização da matéria.

Em uma segunda postagem feita nessa quarta-feira (17), a ativista afirmou que conversou com o Idaf e com o MP-AC e que foi informada que a Promotoria do Meio Ambiente do MP encaminhou ao Judiciário uma solicitação de perícia no local onde os animais estão. Isso porque, segundo ela, o fiel depositário tem o dever legal de proteger os animais sob sua tutela.

“Seguirei acompanhando a situação desses seres, obrigada ao MP por defender os direitos desses animais que não podem falar, mas têm a nós por eles, enquanto Comissão de Defesa dos Animais, estamos confiantes”, disse ela.

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