Rio Branco, AC 29 de dezembro de 2025 18:26
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Com sistema em teste, Defesa Civil diz evitar disparo amplo de alertas durante enchente em Rio Branco: ‘Vai trazer pânico’

População relatou não ter recebido avisos no celular durante fortes chuvas e após transbordo repentino do Rio Acre. Órgão afirmou que sistema ainda está em fase de testes e depende de integração entre esferas municipal, estadual e federal

Rio Branco enfrenta uma enchente considerada atípica para o mês de dezembro, e a ausência de alertas da Defesa Civil nos celulares da população gerou questionamentos e críticas nas redes sociais.

👉 Contexto: A enchente do Rio Acre já desabriga mais de 400 pessoas na capital acreana até esta terça-feira (29). Conforme dados da prefeitura de Rio Branco e do governo estadual, há 411 pessoas instaladas em sete abrigos, montados em escolas e centros de cultura. Às 12h, o manancial marcou 15,37 metros.

Segundo o coordenador do órgão na capital, tenente-coronel Claudio Falcão, o sistema de alertas, testado duas vezes, ainda passa por testes e limitações operacionais no envio de notificações.

De acordo com o gestor, o chamado ‘Defesa Civil Alerta’ não é controlado por um único órgão e depende da atuação conjunta das defesas civis municipal, estadual e nacional.

Falcão reforçou que o sistema não é automatizado e que exige equipes exclusivas para funcionar plenamente, o que, segundo ele, pode comprometer outras frentes de atendimento emergencial.

“Nós não conseguimos atender a todos e também essa parte. O sistema não é eletrônico, então, precisa de equipes exclusivas. Se nós formos fazer isso, nós deixamos de atender a população”, destacou.

Ele ressaltou que, enquanto o município atua de forma mais direta nos bairros e abrigos, nem sempre há estrutura suficiente para monitoramento contínuo, principalmente em áreas sem sistemas eletrônicos. Toda a logística depende, segundo Falcão, de vistorias presenciais.

“As equipes de Defesa Civil do município são operacionais, nós estamos dentro dos bairros, abrigos e tudo mais, e às vezes nos falta o tempo necessário para o monitoramento, inclusive de igarapés, que não tem um sistema eletrônico para poder monitorar”, complementou.

Implementação

Atualmente, de acordo com a Defesa Civil, Rio Branco possui cerca de 230 bairros, dos quais 43 foram afetados diretamente por inundação ou enxurrada até esta segunda-feira (29). As equipes atuam, neste momento, em 19 dessas localidades. O comandante alertou que o envio indiscriminado de mensagens poderia causar pânico.

“Se nós emitirmos um alerta sem controle, vai tocar nos 230 bairros e vai trazer pânico para a população. Além do mais, nós podemos perder credibilidade. Isso não pode acontecer”, comentou.

Apesar das limitações, Falcão reconheceu a importância do sistema de alertas e defendeu maior integração entre os entes federativos para que a ferramenta funcione de forma eficaz.

“Nós precisamos, nesse instante, é do empenho maior. Também da Defesa Civil estadual, junto com a nacional, para que a gente possa ter as condições necessárias para emitir o alerta, que é de extrema importância para toda a comunidade daqui de Rio Branco”, destacou.

Enchente atípica para dezembro

O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo na manhã de sábado (27) um dia após alcançar a cota de atenção, que é de 10 metros na capital. Às 11h desta segunda (29), o manancial chegou a 15,37 metros.

A cota alerta máximo é fixada em 14 metros. Este é o segundo registro de transbordo em menos de um ano, uma vez que o rio também ultrapassou a marca em março. Desde 1975, o Rio Acre não transbordava no mês de dezembro na capital.

Segundo a Defesa Civil estadual, a elevação do nível do rio está relacionada ao volume de chuva registrado na capital entre quinta (25) e sexta (26), bem como à situação do Riozinho do Rola, afluente do manancial, que está com nível elevado.