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Brasil/Mundo

Vieira defende ‘sinceridade’ de Lula em declaração sobre Israel

Vieira defende ‘sinceridade’ de Lula em declaração sobre Israel

Vontade de Lula é de preservar vidas, declarou o chanceler

Durante uma audiência pública na Comissão de Relações e Defesa Nacional do Senado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou nesta quinta-feira (14) que a afirmação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mês passado, ao comparar a tragédia dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial com as mortes de civis em Gaza, foi uma manifestação em solidariedade às vidas perdidas no território palestino.

Vieira ressaltou que essa preocupação não é exclusiva de Lula, mas sim compartilhada por uma parcela significativa da comunidade internacional.

“O presidente Lula falou com a sinceridade de quem busca preservar um valor supremo, que é a própria vida humana”, declarou.

Mauro Vieira condenou veementemente as ações de Israel na Faixa de Gaza e expressou preocupação com a possibilidade de os ataques se expandirem para outros territórios. Ele fez questão de ressaltar que suas críticas foram direcionadas ao governo israelense e não ao povo daquele país.

“Nossa amizade com o povo israelense sobreviverá ao comportamento do atual governo”, afirmou.

O chanceler também criticou a resposta de Israel ao ocorrido em 7 de outubro do ano passado, quando o grupo terrorista Hamas invadiu e atacou o sul de Israel, resultando em quase 1,2 mil mortos e cerca de 240 reféns.

“A reação de Israel ao ataque tem sido extremamente desproporcional e não tem como alvo somente os responsáveis pelos ataques, mas todo o povo palestino.”

Vieira enumerou uma série de razões que, em sua visão, indicam que Israel não está seguindo as normas do direito internacional no conflito com o Hamas: o bloqueio da ajuda humanitária à Faixa de Gaza; o alto número de mortes relatado por autoridades de Gaza, que chega a quase 31 mil pessoas no enclave; o aumento das ocupações ilegais por colonos israelenses na Cisjordânia; a falta de reconhecimento de um Estado palestino; e o não cumprimento das decisões da Corte Internacional de Justiça em um processo movido pela África do Sul acusando Israel de genocídio.

Ele destacou que o governo brasileiro sempre defendeu a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, mas considera que Israel não está agindo de acordo com o direito internacional.

“É cenário desolador. Crianças morrem diariamente por desnutrição. Desde 7 de fevereiro, não há mais hospital funcional em Gaza. Fazem cirurgias sem anestesia, inclusive em crianças”, disse o chanceler.

Vieira classificou como “massacre” um incidente ocorrido durante a entrega de ajuda na Cidade de Gaza no final de fevereiro. Segundo autoridades palestinas, soldados israelenses abriram fogo, resultando em 112 mortes e 760 feridos, enquanto Israel nega essa versão, alegando que a maioria das mortes ocorreu durante um tumulto e admitindo apenas disparos contra um grupo percebido como uma potencial ameaça.

Relembre o caso

As declarações de Lula desencadearam uma crise diplomática entre Brasil e Israel. Em resposta, o governo israelense tomou duas medidas: repreendeu publicamente o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, no Museu do Holocausto, um local considerado inapropriado para tal ação, e declarou Lula como persona non grata.

Sob ordens de Lula, Mauro Vieira chamou de volta o embaixador brasileiro e convocou o chefe da representação de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para uma reunião no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Essas ações, na linguagem diplomática, visam expressar a insatisfação do governo brasileiro com as autoridades israelenses.

O clima se deteriorou ainda mais quando o chanceler israelense, Israel Katz, começou a provocar Lula nas redes sociais. Em resposta, Vieira divulgou uma nota condenando a reação de Israel às declarações do presidente brasileiro como uma “vergonhosa página da diplomacia israelense”. No entanto, as relações entre Brasil e Israel já estavam tensas desde que o Brasil anunciou seu apoio à petição sul-africana movida contra Israel na CIJ.

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