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Leituras preliminares do xadrez político

Leituras preliminares do xadrez político

 “Jogar abertamente não agrada nem é útil.” (Criar expectativas)

“O jogador astuto nunca move a peça que seu oponente espera, e muito menos ainda a que ele deseja”. (Variar o modo de agir)

Baltasar Gracián (1601-1658)

Quadro nacional:

1 – Lula é a única via para derrotar o fascismo. Chapa formada com Alckmin (PSB) amplia essa possibilidade;

2 – Todas as pesquisas apontam para uma vitória de Lula no 2º turno, quaisquer que sejam os adversários e que a disputa com Bolsonaro é a mais plausível;

3 – Pesquisas qualitativas internas do PT assinalam que, os votos dos jovens, das mulheres, dos artistas e intelectuais e dos segmentos que ganham até 3 salários-mínimos, estão cristalizados em Lula. Essa maioria pode ser capaz de possibilitar uma vitória no 1º turno, a depender de outras variáveis;

4 – Uma variável a ser considerada é a “cristianização” - cristianização, na política brasileira, é a situação em que um candidato em uma eleição perde o apoio do seu partido político, que passa a apoiar outra candidatura com mais chances de vitória. O neologismo teve origem na eleição de 1950, para presidente onde os principais candidatos foram: Getúlio Vargas (PTB); Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) e Cristiano Machado (PSD). O Cristiano perdeu o apoio do seu partido, que majoritariamente apoiou Vargas, que foi eleito. Daí o termo “Cristianização” - das candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). Em 1989, o então PMDB, fez isso com Dr. Ulisses então candidato do partido a Presidência naquele ano. No PDT está se configurando uma “cristianização cruzada” (voto no partido para governador e voto em Lula, do PT, para Presidente), principalmente no Nordeste, onde as pesquisas apontam vitória folgada do Lula. A se confirmar essa tendência, as chances de Lula faturar o pleito logo no 1º turno são consideráveis;

5 – Uma síntese do quadro político geral é a constatação de que enquanto Lula aglutina e conquista apoios, no lado bolsonarista as defecções se sucedem e a mais emblemática foi a do seu ex-ministro Moro, hoje um cadáver político ambulante, correndo atrás de um domicílio eleitoral e de uma imunidade parlamentar. Com o “navio fazendo água”, os ratos já estão se lançando ao mar. Por sua vez, as viúvas da 3ª via estão inconsoláveis e segundo a lenda, “o Centrão não vai a enterros. O voto útil em Lula está pintando! A conferir.

6 – Enquanto isso a militância de esquerda vai formando os COMITÊS POPULARES DE LUTAS, NAS REDES E NAS RUAS, não apenas para eleger Lula, (se possível no 1º turno e afastar a possibilidade de golpe) mas para contribuir na mobilização popular para governabilidade do seu mandato. Não tenhamos dúvidas que as eleições serão conturbadas!

Quadro Local: 

1 – Gladson Cameli continua o franco favorito, em que pese seu fiasco administrativo, as divisões e defecções no seu bloco de apoio e a sombra da “Operação Ptolomeu” que paira sob o seu governo. Até o “trânsito em julgado” o processo vai percorrer um longo caminho e até lá a presunção de inocência do Governador está mantida e, tranquilamente, ele concorrerá a reeleição, mesmo porque precisa de um foro por prerrogativa de função a que os governadores tem direito. Ademais o governo dispõe da máquina pública, a “caneta e o Diário Oficial” na mão, quase todos os Prefeitos, alinhados e dependentes do Executivo Estadual. Ademais, a pecha de “dançarino” que a oposição tenta carimbar no governador, só contribui para alçá-lo ao nível do Estadista JK, que era um exímio “pé de valsa”. Parece que o povo acreano foi afetado pela “Síndrome de Estocolmo” onde as vítimas se identificam e defendem seu algoz.

2 – Mesmo com todo esse aparato político/administrativo o governo está com dificuldades de compor as chapas majoritárias para governo e vice e para senado e suplência;

3 – Pelo lado da oposição, há um sentimento, quase um clamor, do “volta Jorge para o governo”, tanto no partido (PT), como na sociedade. Entretanto o Jorge seguindo a “Arte da Prudência” de Baltasar Gracián, (Criar Expectativa), não tem pressa em se definir se vai pro Governo ou Senado. Até agosto ele vai ter tempo e mais dados para tomar sua decisão. Seja qual for a decisão, será um candidato competitivo e, sem dúvida, o melhor candidato. Na minha percepção de hoje, o Jorge tem mais chance na candidatura majoritária para o Senado, em face das inúmeras candidaturas da situação (Mailza Gomes, Jéssica Sales, Márcia Bittar, Wanda Milani e Alan Rick), além de outros menos cotados. Para o Senado quem tiver mais votos, leva. No caso da eleição para Governo, Jorge indo para o 2º turno com Gladson vai, necessariamente, provocar uma reaglutinação dos “flibusteiros”, que formam os partidos da situação, que vivem do “butim” dos cargos e das benesses da máquina pública. O bolso se sobrepõe as eventuais discórdias e desavenças que atualmente ocorrem no bloco da situação;

4 – No cenário que se nos apresenta, nós do PT temos clareza, que a nossa prioridade absoluta é de eleger Lula, se possível, logo no 1º turno e que na disputa local, nós não podemos queimar a largada e nem as nossas lideranças. Nesse sentido podemos participar do processo majoritário para o governo apoiando a sigla aliada do PSB, com Genilson, que já está com seu nome colocado e com boa aceitação. Seria a reprodução invertida da chapa nacional PT/PSB, enquanto as composições das chapas majoritárias (Governo e Senado) vão sendo construídas com os partidos da Federação (PV e PC do B) e demais partidos aliados;

5 – No mais é a nossa militância, nos seus Comitês de Luta, se preparar para embates duríssimos nessas eleições e não se deixar cair em provocações. Podemos e devemos livrar o Estado do Acre da pecha de um reduto de Bolsonaro. Para isso precisamos despertar no povo a indignação com esse governo, nas coisas mais simples e triviais, quando por exemplo: for as compras no supermercado, quando for abastecer o carro, quando for comprar o gás e quando for pagar a luz.


Marcos Inácio Fernandes, é professor aposentado e Secretário de Formação do DM/PT de Rio Branco-Ac.

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